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A coisa mais normal do mundo em nosso trabalho, é se munir de trabalhos-referências de outros profissionais para nos inspirar. Veja bem, eu disse inspirar, não copiar. Lembrar daquela revista que usou todas as fotos em preto e branco, do ensaio feito com bonecos de lego, do layout que foi executado de cabeça para baixo, etc… São trabalhos que nos chama a atenção a ponto de guardarmos para poder aproveitar uma coisa ou outra em uma ideia futura. Na maioria das vezes, o que o bom profissional faz, é ter uma ideia original e complementar com algum pedaço de referência, para ser a cereja do bolo.

 

Este mês, fiz algo assim: uma matéria que saiu na Época Negócios sobre o futuro do trabalho, onde robôs tomam o lugar do humano. Quando estava pensando no conceito da matéria, lembrei de uma edição da Wired americana, de 2010, que trazia o ator Will Ferrell representando  um personagem ao longo das páginas.

 

Comecei a elaborar: Um robô caricato que representa cenas tipicamente humanas em seu cotidiano. Maravilha.

Agora é bater a ideia com o repórter, falar com o redator-chefe e sentenciar com o diretor de redação. Ufa, foi fácil. Nada. Essa é a primeira fase. Agora vem a produção.

 

Liga para a produtora, liga para o fotografo, liga para a maquiadora. Tudo muito rápido para poder marcar data de estúdio e a agenda de todos baterem. Ah. O fechamento é daqui uma semana, ou melhor, 6 dias (não sei porque achei que fechava um dia depois).

Com a produtora, falo sobre os modelos, como devem ser, que tipo de fantasia, que tipo de maquiagem, quais os objetos que deverão entrar em cena, etc… Com o fotografo, trocamos uma ideia sobre o tipo de luz, se haverá variação de meio corpo e corpo inteiro, cenário, cores,…

 

No meio do caminho, tenho um insight, que a história que vamos contar, tem muito em comum com o homem de lata, do Mágico de Oz. A pauta é falando que, a robotização no nosso dia a dia já existe faz tempo, o que está acontecendo agora é uma robotização 3.0, onde é emulada a emoção por meio de logaritmos. É a história do Homem de lata. O filme inteiro, ele corre atrás de um coração, para ter a emoção.

Hora de ligar para a produtora e falar sobre essa nova ideia e pedir uma nova fantasia. Será que ela está acordada? Ainda é 0h30. Ninguém que trabalha com editorial dorme antes das 2h. Bom, vou mandar uma mensagem de texto. Se ela responder, eu ligo. Ufa, respondeu. E deu ok para ligar. Conversamos, explico a teoria do Homem de lata e a convenço da ideia. Vai ficar legal. Digo que na sequencia, enviarei um rafe bem tosco do que estou imaginando para a matéria. O rafe fica mais tosco do que imaginei. Mas são 2h da manhã e não sou ilustrador, quem receber o rafe vai entender. Copio o fotografo no e-mail para demonstrar em imagem o que eu estou pensando.

 

2 dias de produção correndo atras do material, preparando o estúdio e acertando a matéria, até que chega o dia da foto. 7h30 saio de casa. Sabe como é, moro em São Paulo, tenho que contar com 1h30 no trânsito até chegar na Barra Funda. A foto está marcada para começar as 9h. Começou tudo dando certo. Demorei a 1h30 prevista, sem mais nem menos. Chegando lá, o fotografo já está trabalhando no local e os modelos entram junto comigo no estúdio. Chegamos todos juntos. Passa meia hora, a produtora liga: está no meio do congestionamento mas está chegando. Toca a campainha. Ufa, chegou a produtora. Não, é a maquiadora. Que bom. Ela pode começar a preparar os “robôs”. Mais meia hora. Chega a produtora. Quanto material bacana para fotografar. Opa, peraí: faltou a máquina de escrever e a carteira escolar. A produtora corre para pegar. A loja ainda estava fechada quando ela saiu de casa, mas agora já deve estar aberta.

 

Daí pra frente, foi o dia inteiro fotografando, mudando de cenário, de personagem, de estratégias.

Aaaahhhhhh. Terminou. 18h30. Ufa. Pego as fotos e levo para a redação. Edito as imagens, jogo no layout, faço ajustes, mudo layout. Meia-noite. Preciso mandar as imagens para o tratamento. Gero PDF, faço um e-mail gigantesco explicando o que fazer em cada imagem, jogo as imagens no FTP. Novamente 2h da manhã. Estou moído. Vou para casa. Amanhã é fechamento.

 

8h da manhã, o rapaz do estúdio que trata as imagens me manda uma prova de como vai ficar as imagens com as alterações que eu pedi. Trocamos meia dúzia de mensagens e chegamos na imagem ideal. Pode replicar para as outras 10 fotos que recebeu. O dia corre, muito trabalho, a revista fechando, um milhão de coisas acontecendo. 17h mando um e-mail para saber das imagens. Ainda não chegou nenhuma. Estão a caminho. É o que ouso novamente as 20h. E as 22h. Cara. Está só pelas imagens. Estou mandando, diz o tratador de imagens. Ufa, começa a pingar os arquivos no FTP. Vem o primeiro. Logo vem o segundo. Demora um pouco… fico tenso. Começa chegar o terceiro e, a partir daí é festa. Chegam todos. Algumas pequenas correções faço por aqui mesmo, mas no geral, ficaram ótimas.

Colocamos as imagens finais nos layouts, geramos PDF, tiramos prova. Finalmente. Fechou. 0h30.

E não,é que ficou bacana?

O resultado, vocês podem conferir abaixo. com o arquivo final e o layout.

P.S.: agora sim os agradecimentos: ao Arthur Nobre, grande fotografo que tirou de letra essa pauta, a Ana Paula Amaral, que fez a produção e correu atrás dos modelos (no bom sentido 🙂 ), a Penelope Beolchi, que fez a maquiagem prateada impecável igual a referência que eu havia dado do clipe “Give it Away”, do RHCP, aos modelos André, Luana e Roger Rodrigues, que foram ótimos robôs, ao Marcelo Biscola, mestre das artes digitais que finalizou as imagens da matéria.

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